Um dos barcos estreantes da 34ª Refeno será o Ninho, de São Paulo. O veleiro, do comandante Thiago Pinheiro da Silva, tem o nome em homenagem ao seu pai, Vlandemar Pinheiro da Silva Filho, conhecido como Ninho ou vovô Ninho, para as netas Maria Cecília e Helena. A maior regata oceânica da América Latina, inclusive, será uma aventura em família.

A tripulação conta com pai, filho e também Luciano Gaviolle, um tio de consideração de Thiago. Uma ideia que começou há quatro anos.

“Em 2019, eu e o meu pai estávamos nos preparando para fazer o Caminho de Compostela de bicicleta. O Vovô Ninho na época tinha 68 anos e estava empenhado andando de bicicleta todos os dias. Mas, em 2020, vieram as restrições por conta da pandemia. Ele decidiu morar em um trailer de camping em um clube particular, na praia de Maranduba. Como era um clube particular, ficou proibida a entrada e saída em determinado momento e ele ficou isolado. Isso, claro, o deixou triste. Então, era preciso reanimar novamente os dias do vovô”, iniciou Thiago.

“Sempre tivemos vontade de ter um veleiro e comecei a procurar. Eu velejava desde os 12 anos e, quando morei em Dubai, participei de regatas de oceano. Mas não acreditava que ter um veleiro no Brasil fosse plausível. Até que eu desafiei o vovô Ninho a procurar um veleiro, no Saco da Ribeira (São Paulo), como forma de incentivá-lo a continuar se exercitando. Não durou 15 dias e ele me ligou empolgado dizendo que tinha encontrado um veleiro. U Brasília de 23 pés em estado semi conservado”, completou.

O barco precisava de reparos e o vovô Ninho, que sempre foi apaixonado por inox, iniciou a restauração do barco  fabricado em 1987. Por ter sido a inspiração e ter contribuído diretamente com a reestruturação do veleiro, a embarcação foi batizada com o seu nome. 

“Todos conhecem ele por Juninho. As netas Maria Cecília e Helena, quando pequenas, não conseguiam pronunciar o ‘Ju’. Assim, chamavam de vovô Ninho. Então, quando compramos o veleiro, elas escolheram o nome Ninho em homenagem ao avô”, explicou o comandante.

O vovô Ninho tinha a ideia de navegar de Ubatuba até Abrolhos, na Bahia. Por isso, Thiago sugeriu a participação na Refeno em 2023, com partida marcada para 23 de setembro, do Marco Zero do Recife.

“Quem vai até Abrolhos vai até Fernando de Noronha. E, assim, estamos tornando o sonho em realidade. Vovô Ninho já não dorme mais de tanta ansiedade. Dividimos a subida em etapas. Em junho, fomos para Ilhabela. Após o Velashow, fomos para Búzios. Em julho, de Búzio até Salvador. E, por fim, da Aratu-Maragogipe subimos para o Cabanga”, pontuou. 

A Refeno é um grande encontro entre os velejadores do Brasil e do exterior, e foi realizada pela primeira vez em 1986. O percurso do Marco Zero do Recife até a ilha de Fernando de Noronha, com a linha de chegada no Mirante Boldró, tem um total de 300 milhas náuticas, equivalente a 560 km. A partida da 34ª edição da maior regata oceânica da América Latina será no dia 23 de setembro.