Pela segunda vez seguida, o Atrevida disputará a Regata Internacional Recife-Fernando de Noronha (Refeno), em sua 32ª edição. Considerado um dos mais sofisticados veleiros do continente, o imponente e famoso barco, do tipo Escuna, chegou ao Recife na última segunda-feira (20/09), aportando no Cabanga Iate Clube, na Zona Sul da Capital pernambucana. Em 2019, participou de maneira inédita da maior regata oceânica do Brasil, na categoria de Clássicos, que reúne embarcações construídas até o ano de 1980.
Construído exatamente em 1923 em Boston, nos Estados Unidos, por Nataniel Herreshoff, e antes chamado de Wildfire, o Atrevida (98 anos) foi reformado pela última vez em 2011 por artesãos do Kalmar, responsáveis pelos serviços de marcenaria do interior e pintura interna. Desde então, o barco carrega uma bandeira brasileira, representando o país em regatas de Clássicos do Brasil e no mundo. Ele ganhou o nome atual em 1946, quando chegou ao Brasil.
A sua história fala por si só. A embarcação já foi ponto de encontro de presidentes, reis e rainhas, além de celebridades dos anos 50. Com 95 pés de comprimento (29 metros), o Atrevida leva o título de maior veleiro de passeio da América Latina. A embarcação foi criada para disputar regatas e conquistou a primeira logo no ano de estreia, a Vincent Ator Cup, em Nova York.
“Com a instalação das novas velas e cabos, conforme a área vélica (dimensão das velas) do plano original, o barco ficou muito equilibrado, interessante de se velejar. O Atrevida se comporta, hoje, como um veleiro mais leve, apesar das 90 toneladas”, conta o velejador Atila Bohm, timoneiro da embarcação desde 2008.
Sob condições normais e com os ventos médios, a velocidade de velejada do Atrevida varia de 8 a 11 nós (até 20km/h). Para alcançar o seu melhor rendimento, o barco precisa ser comandado por nove ou dez tripulantes. A embarcação destoa das demais pelo seu tamanho e pela sua beleza exclusiva.
O restaurado Atrevida resgata a charmosa aparência semelhante a do dia em que saiu do estaleiro: casco branco com um fio vermelho na linha d’água, velas também alvas com as bordas vermelhas e acessórios do convés em mogno de demolição e em aço inoxidável personalizados com a gravação do nome do barco. Algumas mudanças foram feitas ao longo dos anos, mas o veleiro mantém características bem próximas das originais.