Momento emocionante, muita descontração e festa na chegada da velejadora Tamara Klink, 24 anos de idade, ao Recife, com recepção do Cabanga Iate de Clube de Pernambuco. Ela atravessou sozinha o Oceano Atlântico em um barco de oito metros de comprimento (26 pés), chamado “Sardinha” devido ao tamanho pequeno, percorrendo mais de 1.700 milhas, que equivale a quase 3 mil quilômetros.

No mês de agosto deste ano, Tamara saiu da França (cidade de Lorient), na Europa, em direção à costa brasileira. A última etapa da sua travessia, encerrada na Capital pernambucana, foi a mais longa e cansativa. Nesse trajeto final, a jovem partiu de Cabo Verde (África), no dia 15 de outubro, e passou 17 dias em alto-mar, chegando ao Recife no fim da noite da última segunda-feira (01/11), por volta das 21h. Antes disso, também fez escalas em Lisboa (Portugal) e Canárias (Espanha).

“Comandei a lancha Soñadora com o marinheiro Fábio, gentilmente cedida por Mário Jácome, na recepção de Tamara Klink. Ela escolheu o Recife como porto de chegada e, logicamente, o Cabanga como clube de fundeio”, relata o Vice-Comodoro do Cabanga, Paulo Collier de Mendonça.

Além do diretor de Vela Oceânica, Álvaro da Fonte, e do presidente da FPVela, Yannick Olivier, estavam a bordo da Soñadora a família Klink, sua assessoria de imprensa e a equipe de TV. A Marinha do Brasil também se fez presente, com o Capitão da Capitania de Portos de Pernambuco (CPPE), Márcio Rebello, e equipe a bordo da lancha Beijupirá, da Marinha. Ainda tiveram dois botes de apoio, sendo um do Cabanga, com o marinheiro Marcílio e outro da CPPE.

“Após acompanhar a posição da velejadora, navegamos ao seu encontro, na altura da boia Norte e a escoltamos pelo porto, até o pier do nosso clube, onde ela atracou e foi recebida por familiares, amigos, Marinha do Brasil e sócios do Cabanga”, conta Paulo Collier de Mendonça.

Tamara completou sua primeira travessia do Atlântico e veio ao Recife de maneira inédita. Para ela, a chegada feita no escuro foi muito emocionante, tendo a oportunidade de passar na frente do Marco Zero.

Emocionada, a velejadora acenou para as pessoas que acompanharam a viagem e estavam a sua espera no local, entre eles seus familiares, que são de São Paulo e vieram ao Recife para ver a chegada.

O barco de Tamara foi comprado na Noruega com a ajuda do amigo Henrique. De lá, ela decidiu se aventurar em alto-mar, até chegar à França, na cidade de Dunquerque.

A primeira travessia da sua vida em solitário foi a do Mar do Norte, em 2020, entre a Ålesund (Noruega) e Dunkerque (França). Foram 1000 milhas realizadas numa região com meteorologia diversa e grande circulação de navios.

Tamara Klink

Natural de São Paulo, ela cresceu na capital paulista. Filha do casal de famosos velejadores Marina Bandeira e Amyr Klink, Tamara tem duas irmãs, Laura (gêmea) e Marina Helena. Suas grandes paixões são a navegação e os relatos da viagem.

Seu pai Amyr foi o pioneiro na travessia a remo do sul do Oceano Atlântico, em 1984. Na ocasião, saiu sozinho da Namíbia, país africano, até Salvador/BA, na região Nordeste. Já a sua mãe, que é fotógrafa, ficou conhecida pelos registros fotográficos das expedições por diversos países e continentes.

A jovem Tamara iniciou os estudos na faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo (USP). Por meio de um intercâmbio acadêmico, foi para a ENSA Nantes (École Supérieure d’Architecture de Nantes), na França, e optou por concluir os estudos no país, com uma especialização em arquitetura naval.

Ela tem como planos lançar dois livros. Um deles é “Mil Milhas”, distância completada por ela ao percorrer o Mar do Norte, da Noruega para a França, em 2020. A outra obra é “Um mundo em poucas linhas”, que reúne poemas, textos e desenhos seus que foram feitos durante as navegações.